domingo, 23 de dezembro de 2012

Morte e Vida

A morte é um tema um tanto quanto contudente. As pessoas, geralmente, não gostam de falar a respeito dela.
 
O primeiro livro que li sobre este assunto foi "Sobre a Morte e o Morrer" de Elisabeth Kubler-Ross. A autora relata, principalmente, os estágios no processo da morte física. Ela também escreve sobre o temor da morte, esperança, a família do paciente, terapia com os doentes em fase terminal, entre outras coisas.
 
Ao final do meu estágio em psicologia hospitalar e após outras experiências de vida que tive, esse processo descrito por Kubler-Ross ficou bem claro no meu entendimento.
 
É difícil aceitar a perda da vida, quando ela começa a se esvair. Evitamos pensar na morte, mas os relatos das pessoas que estão em fase terminal ou viveram uma experiência de "quase-morte" mostram que vivemos vários processos psicológicos diante da notícia da morte iminente: nega-se, sente-se raiva, barganha-se, deprime-se, aceita-se. Porém, nem todas as pessoas vivem todas essas fases.
 
O segundo livro que li foi "Perdas Necessárias" de Judith Viorst. Este livro tocou-me profundamente, pois a autora nos auxilia a entender que a perda é uma experiência necessária ao desenvolvimento emocional da pessoa. Ao longo de nossa vida, temos que abrir mão de ilusões, expectativas e dependências para alcançar o desenvolvimento pessoal. Por exemplo, perdemos o amparo materno e os diversos "eus" que se formam durante a juventude. Perdemos também as pessoas que amamos, seja por abandono, por morte, ou por rompimento de relacionamentos. Temos ainda de superar nossas expectativas impossíveis em relação à vida e às pessoas para adquirirmos experiência, maturidade e uma visão mais realista da vida.
 
Este livro, em minha opinião, todos deveriam ler. Em um momento do livro a autora fala que deveríamos pensar na morte com mais frequência, para valorizarmos mais a vida.
 
O terceiro livro que li foi "Vida e Morte: Laços da Existência" de Maria Helena Pereira Franco Bromberg.  Neste livro, juntamente com a participação de outros autores como Maria Júlia Kovács, Vicente Augusto de Carvalho, entre outros, pode-se ler sobre a morte em vida; a vida que há na morte; a morte de si próprio; a morte do outro em si.
 
O quarto livro que li foi " A arte de morrer - visões plurais - volume 1" dos organizadores Franklin Santana Santos e Dora Incontri.
 
Em março de 2007, teve início no seio da disciplina de Emergências Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo um projeto amplo, minucioso e extremamente fecundo, cujo objetivo principal consistia em levar a temática da morte e do morrer, assunto considerado tabu e interdito, para dentro da academia e para a sociedade, de forma plural e interdisciplinar. Deu-se então início ao projeto com um curso de 64 horas, que foi dividido didaticamente em cinco atitudes: religiosas, filosóficas, científicas, pedagógicas e estéticas, além de 9 painéis interdisciplinares que discutiram mídia e morte, perspectivas histórico-culturais da morte, perspectivas ético-jurídicas da morte, a criança diante da morte, entre outros. O curso foi ministrado por mais de 30 professores doutores e cujos escritos acabaram resultando neste livro.
 
É um livro denso, mas muito iteressante que trata do tema de forma bem abrangente.
 
Meu quinto livro foi "Morte e desenvolvimento humano" de Maria Júlia Kovács. Um livro também excelente.
 
O sexto livro foi "Amor e Separação: reencontro com a alma feminina" de Silvana Parisi. Este livro foi certamente um livro que expandiu minha consciência. Através de um trabalho grupal com a utilização da arte e do simbólico, a autora propõe que vivamos as perdas, que choremos pelos lutos ao longo da nossa jornada, que colemos os pedaços que se soltaram nos processos de perdas que vivemos.
 
Todas as leituras citadas são textos provocantes e de grande profundidade. Que nos faz refletir sobre a vida. Há várias vertentes no estudo da morte. A morte física e a não física. Estuda-se a pessoa que recebe a notícia de sua morte física iminente e o processo de luto dela e da família. Estuda-se a morte por separação, abandono, perdas, procrastinação, etc....Mas o que realmente me mobiliza em estudar este tema é que quanto mais eu o faço, mais apreço pela vida eu tenho e isso me faz crescer como ser humano e também a enxergar a vida e o outro de uma forma mais humana.

Sobre a morte, Mário Quintana disse: "Morrer, que me importa? (...) o diabo é deixar de viver".

Rubem Alves concorda com Mário Quintana e em seu texto "Sobre a Morte e o Morrer", que pode ser lido nos arquivos deste blog, ele diz: "A vida é tão boa! Não quero ir embora".
 

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